Muita gente se empolga com termos como blockchain, bitcoin e NFTs. Mas será que todo esse entusiasmo tem fundamento? Ou estamos diante de mais uma bolha, movida por hype, promessas de riqueza fácil e uma confiança quase religiosa em algo que ninguém entende direito? Se quiser entender tudo de forma simples, objetiva e sem enrolação acompanhe esta materia.
A tecnologia é sólida. O valor… nem tanto
Vamos separar as coisas:
Blockchain é uma tecnologia poderosa. Imagina um livro de registros digital onde cada página (ou bloco) guarda dados e é conectada à anterior, formando uma cadeia segura e inviolável. Esse livro está copiado e sincronizado em milhares de computadores ao redor do mundo, sem que nenhum governo ou empresa o controle sozinho.
Esses computadores formam o que se chama de rede descentralizada. Qualquer pessoa pode rodar esse sistema, desde que baixe o programa chamado Bitcoin Core, que é gratuito e de código aberto. Ele roda principalmente em sistemas Linux, mas também funciona em Windows e macOS. A única exigência é ter espaço em disco, boa internet e vontade de participar.
Esses computadores são chamados de nós da rede. Eles validam, registram e mantêm uma cópia completa de todas as transações do Bitcoin — desde o início. Não são “servidores secretos” espalhados por empresas ou governos: são usuários comuns, voluntários, que acreditam no projeto e ajudam a manter a rede viva.
A tecnologia é útil, transparente e resistente à censura.
Mas o que se constrói em cima dela… é outra história.
Bitcoin: moeda digital ou crença coletiva?
O Bitcoin é considerado por muitos uma “moeda digital”. Mas moeda de quê?
Quem garante seu valor? O ouro? Um governo? Um banco central?
Resposta curta: ninguém.
Desde a antiguidade, o valor das moedas vinha de algo físico: sal, conchas, metais preciosos. Com o tempo, passamos a confiar em governos emitindo dinheiro com lastro no ouro. Isso durou até 1971, quando os EUA abandonaram o padrão ouro. Desde então, nosso dinheiro é fiduciário — ou seja, vale apenas porque acreditamos que ele vale.
O Bitcoin leva isso ao extremo: não tem nenhum lastro físico, nem estatal, nem garantia institucional.
Seu valor é pura confiança de mercado.
E o criador disso tudo? Um tal de Satoshi Nakamoto. Nunca foi visto. Ninguém sabe se é uma pessoa, um grupo ou uma lenda. Imagina investir bilhões em algo criado por um desconhecido que talvez nem exista mais — ou nunca tenha existido?
Blockchain além do Bitcoin: usos que fazem sentido
Nem tudo é fumaça. O blockchain, como ferramenta, tem usos práticos e positivos além das criptomoedas:
- Rastrear alimentos do campo até o supermercado, evitando fraudes.
- Garantir autenticidade de produtos de luxo ou medicamentos.
- Certificar diplomas, contratos e documentos públicos, sem depender de cartórios.
- Criar votação eletrônica segura, auditável e resistente a fraudes.
Ou seja, a tecnologia é promissora. O problema é o foco exagerado no “dinheiro fácil”.
NFTs: a promessa da posse digital (que virou piada)
NFTs são como certificados digitais que dizem: “Essa imagem é minha”. Isso pode ser útil para coisas como ingressos, contratos ou diplomas.
Mas o uso virou modinha: imagens aleatórias (macacos, pedras, memes) vendidas por milhões… e hoje valendo menos que um almoço no shopping.
Alguém se lembra dos NFTs adquiridos por Neymar Jr. há alguns anos? Na época, ele investiu cerca de R$ 6 milhões em imagens digitais da coleção Bored Ape Yacht Club. Hoje, essas peças sofreram uma desvalorização significativa e virou uma piada.
Não é que o conceito seja ruim — é que foi mal aplicado, com foco em especulação, hype e promessas vazias.
Criptomoedas como bolha: e se tudo for só fé?
Imagine um grande jogo onde todos acreditam que uma pedrinha digital vale R$ 300 mil. Enquanto todos acreditam, o jogo continua.
Mas se essa confiança desaba — como em várias crises econômicas da história — o castelo cai. É o risco de se basear 100% em sentimento coletivo, sem amparo real, sem produto, sem utilidade concreta.
É como jogar no escuro.
Então é tudo furada?
Não. Mas cuidado.
- O blockchain é incrível e tem potencial real.
- As criptomoedas ainda são altamente voláteis, especulativas e não garantem segurança nem valorização.
- Os NFTs são interessantes, mas precisam de aplicação prática, e não só marketing.
O ponto é: estamos usando essas tecnologias para resolver problemas reais, ou só criando bolhas e ilusões com cara de inovação?
Conclusão: tecnologia não é Magia. Duvide. Pergunte. Estude.
No Miyagi Digital, a proposta é essa: traduzir o mundo da tecnologia para quem não é da área, com linguagem acessível, espírito crítico e sem idolatria.
Antes de cair de cabeça em promessas mágicas de riqueza fácil, entenda a base, a história, o propósito.
A tecnologia possui um imenso potencial para trazer inovações benéficas ao nosso cotidiano; contudo, quando utilizada de forma inadequada, pode se transformar em um instrumento de manipulação em massa e promessas vazias.
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E lembre-se: use a cabeça. Não entre só com o coração.